terça-feira, 22 de setembro de 2009

Professor do ano

Numa época em que se tem falado tanto dos professores, deixo-vos aqui algumas considerações pertimentes.
Estas pequenas observações são dedicadas a todos aqueles que tanto escrevem e tanto falam sobre a sorte dos professores, do quão priviligiados são na sociedade e do quanto inúteis os consideram, ou dos nomes "afáveis" com que os apelidam (assim de repente não me consigo lembrar de ninguém que se enquadre neste perfil...). Nós não nos vamos esquecer de vós, pá!
Professor do ano foi aquele que, com depressão profunda, persistiu em ensinar o melhor que sabia e conseguia os seus 80 alunos.
Professor do ano foi aquela que tinha cancro e deu as suas aulas até morrer.
Professor do ano foi aquela que leccionou a 200 km de casa e só viu os filhos e o marido de 15 em 15 dias.
Professor do ano foi aquela que abandonou o marido e foi com a menina de 3 anos para um quarto alugado. Como tinha aulas à noite, a menina esperava dormindo nos sofás da sala dos professores.
Professor do ano foi aquele que comprou o material do seu bolso porque as crianças não podiam e a escola não dava.
Professor do ano foi aquele que partilhou arrecadações com alunos com necessidades educativas especiais, sem formação para tal, só porque o Valter Lemos acha que essa escola é mais inclusiva para esses alunos.
Professor do ano foi aquele que, em cima de todo o seu trabalho, preparou acções de formação e se expôs partilhando o seu saber e os seus materiais.
Professor do ano foi aquela que teve 8 turmas (de ciclos de ensino diferentes) e 5 níveis diferentes.
Professor do ano foi aquele que pagou para trabalhar só para que lhe contassem mais uns dias de serviço.
Professor do ano foi aquele que fez mestrado suportando todos os custos e sacrificando todos os fins-de-semana com a família.
Professor do ano foi aquele que foi agredido e voltou no dia seguinte, e encarar os alunos (os agressores e os outros) como se nada tivesse acontecido.
Professor do ano foi aquele que sacrificou os intervalos e as horas de refeição para tirar mais umas dúvidas ou atender os encarregados de educação.
Professor do ano foi aquele que organizou uma visita de estudo mesmo sabendo que Jorge Pedreira considerava que ele estava a faltar.
Professor do ano foi aquele que continuou a motivar os alunos depois de ser indignamente tratado pelos seus superiores do ME.
Professor do ano foi aquele que se manifestou ao sábado sacrificando um direito para preservar os seus alunos.
Professor do ano foi aquele presidente de executivo que viveu o ano entre o dever absurdo, a pressão e a escola a que quer bem, e os colegas que estima.
Professor do ano... tanto professor do ano.
Somos mais que professores do ano. Somos professores sempre!

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