segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Atestado médico

O atestado médico por José Ricardo Costa
Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai ter de fazer uma vigilância. Continue a imaginar. O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa. Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta. Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la? Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico.
Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar sua ausência na sala do exame. Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante. Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidade do padre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI. O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente. O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente. Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente. Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade. Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados. Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho a ver o 'ET', que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões. O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D.Afonso Henriques, que Deus me perdoe. A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados. Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade. Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.
Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho. Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade. Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas. Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo. Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico.
É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.
Este texto foi retirado do jornal "O Torrejano" e mostra bem a realidade do país que quer dizer-se evoluído.

domingo, 30 de agosto de 2009

Qu'amiga que ela é

Finalmente lá saíram os concursos e como se esperava, em ano de eleições, as vagas foram todas preenchidas e quase toda a gente ficou satisfeita.
Em 15 anos de leccionação, foi a primeira vez que consegui sair da zona de Castelo Branco e rumar a norte. Coincidentemente, eu e o meu husband ficamos na mesma escola, uma opção em 174 ou apenas um golpe de sorte ao acaso.
O que me deixa a pensar é que muitos professores do quadro foram colocados em horários de 10, 12 horas enquanto que os contratados (excepto os que assim o manifestaram) ficarm com horários completos. Ora bem, como este ministério é trapaceiro, estou sempre desconfiada que algo estará para vir... a minha suspeição é que esses horários de 10, 12 horas possam não ser renovados no ano lectivo seguinte e consequentemente os docentes tenham de voltar a concorrer, a vagas que serão inexistentes (por forma das reconduções). Caso se venha a verificar esta situação teremos muitos professores do quadro a ingressar na lista de supranumerários com todas as implicações que daí advêm. Ou seja, será que Eles arranjaram maneira de nos atirar areia para os olhos e fazerem o que sempre quiseram???
Bem mas como eu sou assim... pessimista quando se trata do ME, é apenas um pensamento meu!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Aiphodasse ( o Iphone português - continuação)

Hoje já é quarta-feira, e ó pra mim!

Aiphodasse ( o Iphone português)


Esta última semana tem sido de loucura. Como toda a gente sabe é altura das grandes decisões profissionais, em alguns casos, de mudança total de vida, transferências das escolas dos filhos, etc, etc
Passamos a vida em rente ao computador, para ver o que a sorte nos reserva. Mal comemos, mal dormimos, mal falamos com a família. Na nossa cabeça só existe uma ideia... listas
Mas os minutos vão passando, as horas esgotando, os dias seguem-se em catadupla e NADA.
Aiphodasse, será que aquela gente lá de baixo se está mesmo a cag*** para nós? Eu nem quero acreditar.

Xutos no Fundão

Pois é... se não fosse o meu amigo LF eu até me tinha baldado ao concerto. Mas mal recebi o SMS fiquei logo com o bichinho a roer-me. E ninguém queria ir !!!!!!!!!!!!!!
Mas mais uma vez... fantástico!
E no fim lá fui eu dar aquela beijoca ao amigo Zé. Desta vez levei o meu kiks, que nem queria acreditar que a sua mummy o ia apresentar.
Entusiasmadíssimo, comentou "os meus amigos nem vão acreditar que eu estive com um membros dos Xutos e que ainda por cima me deu uma palheta".
Pena foi não termos tido quem nos fotografasse... como a Alex fez da outra vez.
Beijocas para a Alex. Reb
Para ti, LF aquele abraço.
Aos xutos toda a sorte do mundo, por nos darem momentos tão livres.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A filha do Capitão

Passado durante a odisseia trágica da participação portuguesa na primeira guerra mundial, o romance narra-nos a inesquecível aventura de um punhado de soldados (mal nutridos, mal agasalhados e esquecidos pelo governo de lisboa) nas trincheiras da Flandres e conta-nos a paixão deslumbrante entre o oficial português (Afonso Brandão) e uma bela francesa (Agnès) de olhos verdes e voz de mel.
Mais do que uma simples história de amor impossível, esta é uma comovente narrativa sobre a amizade, sobre a vida e a morte, sobre Deus e a condição humana, sobre o acaso e o destino.
Com a guerra como pano de fundo, Afonso e Agnès conseguem por momentos viver, sobreviver e amar a vida... Só que não lhes estava destinado., pois Afonso está para Agnès como Carlos da Maia para Maria Eduarda, ou como Rhett para Scarlett.
De José Rodrigues dos Santos fica a leveza da escrita com que nos já habituou, mas também a estranheza do vocabulário próprio de homens desesperados na guerra.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ai meu rico dinheirinho

O que faria com 6 milhões de euros, é uma questão à qual tenho tentado responder. Bom, numa época tão atribulada, há sp, coisitas que se podiam fazer ou comprar: umas vacinas para a gripe A, alimentos para o banco alimentar contra a fome, casinhas para os sem abrigo, livros gratuitos para os alunos verdadeiramente carenciados, uma viagem de sonho para mim (claro... também mereço qualquer coisita!, etc, etc, etc
Mas há quem não tenha a menor noção de como e onde deve gastar o dinheiro (sobretudo o que não é deles). Ora vejamos:
a) o município de Beja comprou à Cannon Portugal para a divisão de obras municipais, em Outubro, uma fotocopiadora, «multifuncional do tipo IRC3080I» por 6,5 milhões de euros;
b) um toner para impressora «hp p2015» adquirido pela Administração Regional de Saúde do Centro/ Sub-Região de Saúde de Aveiro à ATM por 45 mil euros.
c) a renovação do licenciamento de software Microsoft foi atribuído à Prológica (empresa ligada ao projecto Magalhães) por 14,3 milhões de euros
d) a Universidade do Algarve adjudicou à «Viagens Abreu» uma viagem aérea Faro/Zagreb (com regresso a Faro, para 1 pessoa durante três dias) por 38 mil euros.

Ou simplesmente gastá-lo em cartazes e propaganda eleitoral. O PSD, PP, BE e CDU irão gastar 6 milhões de euros em Setembro e 12 milhões em Outubro. Só o PS gastará 5,5 milhões.
Convem aqui referir que o Estado comparticipa estas campanhas em 70% . Como diria o outro "è só fazer as contas" e converter em salários mínimos para ver quantos salários daria!

??? Dinheirinho de quem??? humm?? de quem???

domingo, 16 de agosto de 2009

Um sinal de ti

Há músicas que têm o dom de despertar sentimentos inertes ou produzirem um efeito catártico quando as ouvimos. Músicas que nos fazem felizes, melancólicos, saudosos, pensativos... tudo dependendo do estado de espírito do momento ou, muito mais profusamente, de um determinado momento em si, são sempre bem queridas quando as ouvimos.
Esta em particular, faz-me recordar um momento muito especial para mim. Não foi por acaso que a escolhi para ouvir hoje.



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Regresso

É muito bom estar de férias, mas melhor é quando regressamos a casa, sem stress, sem filas, sem calor, sem o estigma de poder ser infectado por isto ou por aquilo, e à nossa espera estar todo o conforto que deixámos. Pena não estares aqui também!

sábado, 8 de agosto de 2009

O Video

Quero aqui dar testemunho do video que ajudei os meus alunos do 8ºA a construir para o projecto da SIC, "Portugal visto por nós" e que se encontra on line no seguinte endereço electrónico.
Já agora gostava de receber algum feedback sobre o trabalho que foi feito... isto é claro para que tente melhorar da próxima vez. heheheheheheh


http://www.strongnet.info/sic/index.php?a=videos&id=100

Mais um Candidato PS

Deve andar tudo doido. Agora tenho mais um amigo candidato a Presidente de Câmara, mas pelo PS. LOL
Será que é desta que eu vou votar PS pela 1ª vez.
LOL

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mais Andanças





Andanças 2009

Termina no próximo domingo a 14ª edição do Festival Andanças, organizado pela Associação Pedexumbo e a Aldeia de Carvalhais, em S. Pedro do Sul.
A cor, a dança, a música, os voluntários (1400 este ano), o local onde se realiza, os festivaleiros (esperam-se 40,000) e o facto de ser para graúdos e para miúdos, são alguns aspectos a ter em conta.
No Andanças há workshops, teatros para pais e filhos, serviço de babysitting, duches quentes com aquecimento solar, sabores do mundo, e muito convívio sempre com a música como fundo.
Este ano o tema é o silêncio. Muito a propósito ... se pensarmos bem ... E que bem que sabe o silêncio, sobretudo quando ouvimos alguns políticos a falar...heheheheheheheheh
Festival Internacional de Danças Populares - Andanças - a não perder até domingo.






quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Meandro da Política

Ao ouvir a Manuela parecia que estava a ouvir o Pinto de Sousa. Será que ela anda a aprender o que não deve??? Arrogância, prepotência são as coisas que mais criticamos no sr. Pinto.