segunda-feira, 13 de julho de 2009

knowing

Quando era mais nova e mais desocupada, quando tinha o dinheiro cujo único esforço era levantá-lo no multibanco mais próximo, costumava ir a um festival chamado "Congreso de medicina popular", no lugar de Vilar de Perdizes: uma terra no meio de nenhures no distrito de Bragança.
Lembro-me muito bem da primeira vez que lá fui, levada pela mão de um enfermeiro (a quem nunca posso esquecer!) datava o ano de ... ora deixa lá ver... 1993. Recordo que foi nesses congressos que assisti, pela primeira vez, à real verdade das idas ao além e das experiências isotéricas naturais, sem nenhum tipo de ácidos.
Ao interrogar-me, agora a esta distância, o que foi que realmente testemunhei, o que foi que na verdade ouvi, o que era 100% verdade? ... bom ... posso apenas dizer que foram as sensações mais incríveis que o desespero pode criar.
Tenho presente uma sessão, em que uma senhora desesperada por uma cura de sucesso se deixa submeter a um tratamento através de picadas venenosas de lacraus que o mestre trazia dentro de caixas de cartão( e não um, mas todos quantos lhe apetecessem ferroar!), aos sons dos "ais" e das caras de dor, daqueles que assistiam à cura agoniosa.
Entre charlatices e falsos milagreiros (pensava eu!) lá entrei numa palestra que já tinha começado, na velha escola primária. Não tenho presente se foi no mesmo ano, ou em anos posteriores. Comigo estava uma amiga minha que por sinal estava doente, mas que nem mesmo ela ainda sabia. E no fim da palestra, na hora de curar, eis que a palestrante aponta na nossa direcção, ignorando todos os dedos voluntariosos, colocados no ar, e diz... "essa menina aí ... sim aí atrás... precisa de se tratar, está doente". Com o meu egocentrismo a funcionar, pensei que fosse eu e perguntei de dedo indicador voltado para mim; "eu?" . Santa Ignorância!!!
"Não a sua amiga".
Fogo: há aqui algo que não bate certo. 1º Como é que sabia que aquela pessoa sentada ao meu lado era minha amiga? ok, ok podia ter visto entrarmos juntas e / ou a conversar antes de nos sentarmos.
2º) Como sabia que a minha amiga estava doente (como mais tarde se veio a verificar e que precisava de ajuda médica)?????
Pois é "JUST KNOWING".
Há pessoas assim!!!!! e nem lhes damos valor. Achamos que são esquisitas, estranhas, fora, e sei lá que mais adjectivos depreciativos lhe chamamos...
(...)
Isto tudo porque vi ontem o filme "knowing" e lembrei-me desta minha experiência.

1 comentário:

Emoções disse...

Interessante...

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